quarta-feira, 30 de março de 2011

Introdução ao blog e ao budismo.


    
    Caro leitor, praticante do budismo, de longas datas ou iniciante, não praticante ou curioso, cético ou estudioso, seja bem-vindo ao Buda na Net.
 
    Como este é o primeiro post desse blog, não há nada mais justo do que deixar claro o que o mesmo almeja. Porém, a priori, gostaria de dar algumas rápidas pinceladas sobre o budismo, digo “rápidas pinceladas”, pois seria uma tarefa impossível, ou até mesmo ingenuidade, tentar escrever sobre 2500 anos de história e tradições em um único livro, quem dirá em um único post. Caso você não compreenda alguma coisa, não se preocupe, a abordagem se aprofundará gradativamente nos próximos posts. Tendo isso em mente, vamos começar.

    O budismo é um caminho de prática e desenvolvimento espiritual, que leva à visão da verdadeira natureza da mente. Práticas budistas são meios de mudar a si mesmo a fim de desenvolver as qualidades de bondade, consciência, concentração e sabedoria.  Essas práticas variam de acordo com as escolas que se adaptaram às necessidades locais (as principais tradições são: Theravada, Zen ou Ch’an, Terra Pura, Budismo Tibetano e Budismo de Nitiren Daishonin).  
    
    As experiências desenvolvidas dentro das tradições budistas, durante milhares de anos, criaram um recurso inigualável para todos aqueles que desejam seguir o caminho da Verdade - um caminho que, em última análise, culmina com a Iluminação ou o estado de Buda que melhor pode ser descrita como: “a total consciência e discernimento para a verdadeira natureza das coisas, sessando nossos apegos e desejos, e por consequência, nosso sofrimento, guiando-nos para a verdadeira felicidade”.

     Toda essa tradição budista surgiu a partir dos ensinamentos do Buda Sakyamuni, um ser humano como nós, que por meio da prática e por seu esforço atingiu a Iluminação ou estado de Buda. Ele, Siddhartha Gautama, como era chamado antes de atingir a Iluminação, foi príncipe de um antigo império que existia no norte da índia, e renunciou todas as suas riquezas para libertar-se de seu próprio descontentamento e dúvidas persistentes sobre o que ele ouvia, dia após dia de seus pais, professores e sacerdotes. Embora fosse um príncipe nascido em uma família rica e poderosa, o jovem Siddhartha muitas vezes, apenas queria ficar longe de tudo. Ele queria espaço para pensar de forma independente sobre quem ele era e qual seria o caminho espiritual, ele estava determinado a encontrar respostas às perguntas mais intrigantes da vida. E constantemente pensava: “Nascemos para o mundo só para sofrer, envelhecer e morrer? Qual é o significado de tudo isso?” Tal pensamento livre foi importante para a busca da sua Verdade interior e sua realização final, a Iluminação, e dessa forma livrar os homens do sofrimento.
  
     
     O ensinamento do Buda chamado de Dharma ou Dhamma, a Verdade, é composto pelo nobre caminho óctuplo, pelas quatro nobres verdades e os Três Tesouros, sendo esses o Buda (Buddha) (o Desperto ou o Iluminado), o Dharma (a Lei ou a Doutrina) e o Samgha (a Comunidade dos Discípulos). É se apoiando nos Três Tesouros alcança-se a energia e disposição para mudar o que pode ser modificado. A Verdade que o Buda prega não foi criada ou inventada por ele, a própria Verdade criou a Verdade. O Buda só a descobriu e sabendo que essas verdades são insofismáveis, Ele prega o Dharma a todos. A Verdade é sempre Verdade, quer um Buda surja no mundo ou não. Inexorável e imutável Ela sempre esteve aqui e sempre estará.

    A tradição e a essência do budismo transcendem todos os aspectos que tentamos lhes atribuir.  Por isso, muitas vezes encontramos certa dificuldade em discernir se o budismo é religião, filosofia ou psicologia. Não devemos, no entanto, nos apegarmos a essa preocupação, pois o budismo é experiência, tem que ser praticado e vivido. Ele abrange todos esses aspectos e vai além.

    Agora meu caro leitor que já demos uma rápida pincelada sobre o que é budismo, vamos falar sobre o que almejo com esse blog. Existem diversos blogs e sites budistas que possuem ensinos valiosíssimos e devemos ser gratos para com todas as pessoas que dedicam seu tempo publicando e propagando a Lei. Porém, o problema é que essas informações estão espalhadas em todo canto e muitas vezes encontram-se em outros idiomas. A minha ideia é concentrar todos os ensinamentos do Buda em um só local, de forma extremamente fiel às suas palavras, sem deturpações de vertentes simplórias, essas que surgiram ao longo do tempo, alterando os ensinamentos do Bem-aventurado, simplesmente para “atrair” adeptos, tornando a doutrina flexível demais e assim, sendo necessária uma autodisciplina menor.

    Além de tentar organizar os ensinamentos, escrevê-los de forma que pessoas leigas possam compreendê-los e compartilhar meus estudos, gosto da ideia de estar contribuindo para a propagação da Lei, ou até mesmo o Kossen-rufu.

    A clareza da doutrina do Buda é simples e todos ficam encantados a primeira vista, porém, quando se aprofundam nela, encontram muitas questões em que seus preconceitos quase filosóficos da mente Ocidental, não estão prontos para conhecer, e nesse ponto, muitos abandonam a Doutrina ou simplesmente tentam mudá-la, fato que já ocorreu diversas vezes no transcorrer da história. Portanto, quem está estudando o budismo deve deixar suas ideias pré-concebidas de lado, senão seu estudo não será frutífero.
     
     Lembre-se: O budismo é a doutrina do questionamento, é comum estarmos sempre questionando, porém não devemos deixar que isso se torne um fardo. Devemos praticar, praticar, praticar... 

Paz a todos os seres.